Luanda –
A Organização dos Estados de África, Caraíbas e Pacífico reafirmou,
sexta-feira, em Luanda, o compromisso colectivo de assegurar o acesso contínuo
aos mercados tradicionais e de explorar novas oportunidades para o sector
privado.
De
acordo com a Declaração de Luanda, divulgada no final da Cimeira, o compromisso
visa reforçar as relações comerciais e estimular a criação de emprego, o
crescimento e o investimento entre os Estados da organização.A OEACP, que passa
a ser liderada, pelo Presidente angolano, João Lourenço, nos próximos três
anos, assumiu o compromisso de estabelecer alianças, com os parceiros
tradicionais e estratégicos, tendo em vista uma abordagem coordenada nas
negociações comerciais multilaterais sobre o acesso aos mercados.Valorizou a
cooperação na formação e o desenvolvimento de normas que visam melhorar a
capacidade produtiva das pequenas e médias empresas (PME) nos países da
organização.Solicitou à União Europeia (UE) que preveja medidas sob a forma de
apoio técnico e financeiro aos produtores, exportadores e autoridades nacionais
dos países da OEACP, a fim de concretizar cumprir os novos requisitos de acesso
aos mercados.No documento, a OEACP exorta à Organização Mundial do Comércio
(OMC) a assegurar a igualdade de tratamento de todos os membros, com vista a
nivelar as condições de concorrência para os Pequenos Estados Insulares em
Desenvolvimento (PEID) e os países sem litoral.De acordo com a Declaração, os
Estados da OEACP se comprometem a trabalhar com os parceiros internacionais,
para promover a integração económica regional através da "aplicação da
acumulação" de regras de origem.Reafirmam a importância da aplicação
efectiva dos direitos de propriedade intelectual em combinação com o
conhecimento tradicional, a cultura e o folclore como meio de geração de
riqueza.Alterações climáticas, Covid-19 e guerra na UcrâniaFace às crises
causadas pela Covid-19, alterações climáticas e a guerra na Ucrânia, os
Estados- membros comprometeram-se na busca da recuperação económica inclusiva,
ecológica e sustentável, criando empregos, a partir de micro, pequenas e médias
empresas.O objectivo é o de alcançar um crescimento económico resiliente num
ambiente pacífico e seguro.Prometem, no documento, adoptar sistemas
sustentáveis de acesso a alimentos e ao fornecimento de energia, para fazer
face aos desafios ambientais.Os Estados-membros exortam ao apoio dos parceiros
de desenvolvimento na transformação económica, na facilitação do investimento e
ao cumprimento sas suas obrigações.Trata-se de obrigações relativas ao
financiamento climático, bem como apelaram para o acesso à tecnologia e
partilha de conhecimentos, para uma rápida recuperação económica.No documento
saído da reunião de Luanda, os países da OEACP manifestaram o interesse em
aprofundar e reforçar as relações económicas, políticas, sociais e culturais
entre si.Escolheram como áreas para o referido reforço das relações a do
comércio, da ciência e da tecnologia, da indústria, dos transportes, das
comunicações e da educação.Também incluem as áreas da formação, da
investigação, informação, da comunicação, do ambiente, da demografia e dos
recursos humanos.Os participantes apelaram os parceiros internacionais para a
tomada de medidas políticas, tendo em vista reduzir as dificuldades das pessoas
afectadas pelas actuais crises globais, bem como mitigar o impacto do aumento
dos preços do petróleo e dos alimentos.O apelo dos países da Organização dos
Estados de África, Caraíbas e Pacífico também visa acelerar o alívio da dívida
e a distribuição equitativa das vacinas Covid-19.Manifestaram a disponibilidade
de cooperar para a redução do risco de desastres e apelaram os países
desenvolvidos a disponibilizarem os 100 mil milhões de dólares e a duplicarem o
financiamento da adaptação até 2025.Consideram urgentes a realização de
reformas do sistema financeiro mundial, para um acesso simplificado ao
financiamento bonificado que forneça subvenções aos membros do OEAPC,
tendo em conta as suas vulnerabilidades.Conferência sobre diversidade biológicaA
OEACP acolheu com agrado a realização da segunda parte da 15ª Conferência das
Partes da Convenção sobre a Diversidade Biológica, que visa adoptar um novo
quadro global para a gestão da natureza até 2030.A organização defendeu a
recuperação dos ecossistemas degradados e a adopção de um quadro mundial
pós-2020, para travar a perda de biodiversidade e promover a utilização de
forma sustentável em benefício dos povos e do planeta.A Declaração de Luanda
indica que os participantes aceitaram promover sistemas alimentares nacionais
que facilitem a produção sustentável e orientada, localmente, de alimentos para
ajudar os pequenos produtores (agricultores e pescadores).A Cimeira apoiou a
resolução 74/299 da Assembleia Geral da ONU sobre a melhoria da segurança
rodoviária e a redução de mortes na estrada em pelo menos 50% até 2030, bem
como a implementação de políticas que garantam uma mobilidade segura, acessível
e sustentável à educação dos jovens.A organização lamentou que a abordagem
unilateral da União Europeia, através da política de listagem, para combater a
evasão fiscal, o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo,
coloque problemas que precisam de ser abordados num espírito de parceria.
Intercâmbios
com parceiros estratégicosOs países da OEACP, um total de 79, considereram
essencial a criação de uma plataforma para intercâmbios regulares com parceiros
estratégicos, por via da cooperação Sul-Sul e Norte-Sul, com o foco na
realização da agenda do desenvolvimento.A cimeira de Luanda saudou a criação da
Plataforma OEACP para o Envolvimento da Diáspora, encorajou a colaboração com
organizações multilaterais, a UE, plataformas nacionais e regionais.Segundo a
Declaração, os participantes reiteraram o empenho na parceria histórica e
estratégica com a UE e sugeriu a aplicação provisória do novo acordo ACP-UE ,
antes do termo das medidas transitórias do Acordo de Parceria de Cotonou
(Benin).Solicitams à UE que preveja medidas de acompanhamento, sob a forma de apoio
técnico e financeiro, aos produtores, exportadores e autoridades nacionais dos
países da OEACP, a fim de permitir um melhor acesso aos mercados.Igualdade de
tratamento dos EstadosOEACP exortou a Organização Mundial do Trabalho (OMC) a
assegurar a igualdade de tratamento dos Estados, com vista a nivelar as
condições de concorrência para os pequenos estados insulares em desenvolvimento
(PEID).Com isso, esperam que a OMC estabeleça também um sistema que permita
beneficiar de uma quota de crescimento do comércio proporcional às suas
necessidades de desenvolvimento económico.Os participantes manifestaran
satisfação com o programa-quadro desenvolvido OEACP/UE, para capacitar os
actores da cadeia de valor, facilitando o acesso ao financiamento e ao desenvolvimento
de capacidades.Segundo a Declaração de Luanda, a 11ª Cimeira deverá ter lugar
numa data a ser decidida pelo Conselho de Ministros da OEACP, em consulta com o
Presidente da 10ª Cimeira e as autoridades do futuro país anfitrião.