Luanda - As Repúblicas de Angola e do Brasil assinaram,
sexta-feira, dia 25, sete (7) novos acordos de cooperação bilateral, um acto
que marca o reforço da cooperação bilateral entre os dois países.
Trata-se de acordos no domínio do exercício de
actividades profissionais de remuneração de dependentes do pessoal diplomático,
consular, militar, administrativo e técnico das missões diplomáticas e
consulares, bem como cooperação do turismo sustentável, dois instrumentos
rubricados pelos titulares das Relações Exteriores de Angola e do Brasil,
Téte António e Mauro Vieira, respectivamente.
Foram assinados, de igual modo, o Memorando de
Entendimento no domínio da Agricultura, com vista a estimular o amplo
desenvolvimento nos campos dos sistemas agro-pecuários.
No campo da Saúde, as partes acordaram um projecto
de Cooperação para o Diagnóstico e Tratamento da Hanseníase/lepra, que vai
aprimorar a assistência prestada aos pacientes do sistema de saúde angolano no
que diz respeito à detecção precoce e tratamento da doença.
O documento foi assinado pelas ministras da Saúde
de Angola e do Brasil, Silva Lutucuta e Nisia Trindade, respectivamente.
Os dois países assinaram também um acordo na
área da Educação, cujo projecto é denominado "Escola para
Todos", uma iniciativa que prevê consolidar a política nacional de
educação especial orientada para inclusão escolar.
Na mesma cerimónia foi assinado o Memorando de
Entendimento entre o Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias
Empresas (INAPEM) e o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
(SEBRAE), para juntos estimularem e implementarem as acções conjuntas e
coordenadas para cooperação internacional no apoio ao empreendedorismo e
desenvolvimento inclusivo e sustentável dos pequenos negócios em ambos os
países.
Os diplomas jurídicos foram rubricados na presença dos
dois chefes de Estado e de membros do Governo de ambos os países.
No quadro da visita oficial do Presidente Lula da Silva
será lançado o Programa de Desenvolvimento Vale do Cunene, por
ocasião do fórum económico e empresarial, que reúne, neste dia, 500
empresários, 170 dos quais integrantes da comitiva presidencial.
Acordos rondam os 80 diplomas
Os acordos entre as repúblicas de Angola Federativa do
Brasil rondam os 80 diplomas, desde a assinatura do primeiro Memorando, em
1977, dois anos depois da proclamação da independência dos angolanos, em
1975.
O primeiro está ligado ao acordo de transporte
aéreo, assinado no dia 13 de Maio de 1977, um documento já substituído.
O Brasil foi o primeiro país do mundo a reconhecer a
independência de Angola, proclamada pelo Presidente António Agostinho Neto, no
dia 11 de Novembro.
Desde essa altura, foram aprofundadas as relações nos
mais variados domínios, culminando com a assinatura de 80 acordos de
cooperação, de acordo com dados oficiais do Ministério das Relações Exteriores
de Angola, aquando da participação do país na investidura do Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, em Dezembro de 2022.
Do total de acordos, 46 ainda estão em vigor, 16
expirados, cinco em ratificação, três na condição de superados e outros em
tramitação, de acordo com o documento.
Trata-se de acordos nos domínios do transporte aéreo,
investimento para agricultura e energia, vistos e imigração, sanidade animal e
vegetal, empréstimos, educação, saúde, cooperação técnica e consultas
diplomáticas.
A lista contém também acordos de cooperação nas áreas
de ciências e tecnologia, artística/cultural, pescas, petróleo (cooperação
técnica), meio ambiente, política administrativa, meios de comunicação,
comércio, entre outros.
Angola e o Brasil têm, igualmente, trabalhado para o
reforço e aprofundamento do seu relacionamento no âmbito da CPLP, com realce
para as questões dos acordos de mobilidade, facilitação de investimento e
eliminação da dupla tributação.
Trocas comerciais
Ao nível das trocas comerciais, em 2022, Angola
exportou 574 milhões USD para o Brasil (essencialmente petróleo) e importou 715
milhões USD daquele país (com os alimentos a liderar o ranking).
No ano passado, a balança comercial foi negativa para
Angola em 142 milhões USD.
A dívida de Angola com o Brasil, que em 2018 rondava os
820 milhões USD, foi praticamente toda paga em 2019.