Soyo - O
Presidente da República, João Lourenço, reafirmou segunda-feira (10), no Soyo
(Zaire), que o Governo angolano acompanha, com bastante atenção e apreensão, o
crescente deteriorar da paz e segurança em diferentes pontos do planeta, com
realce para o continente africano.
Ao
discursar no acto alusivo ao 47° aniversário da Marinha de Guerra
Angolana (MGA), assinalado nesta segunda-feira (10), o Chefe de Estado disse
que a deterioração da paz, aliada ao terrorismo e as insurgências de
diferentes motivações, ameaçam as populações e as frágeis economias dos Estados
africanos.
Observou
que algumas das consequências imediatas e mais visíveis dos conflitos armados
são, para além do elevado número de mortos, o assustador índice de deslocados
internos, refugiados em países vizinhos, de emigrantes manipulados por redes de
tráfico humano, bem como o aumento da fome, pobreza e da miséria.
“A
situação não é melhor em outras paragens do globo”, afirmou João Lourenço, que,
neste particular, referiu-se à vulnerável conjuntura no Médio Oriente, onde a
não implementação das resoluções das Nações Unidas sobre a necessidade da
criação do Estado da Palestina para coabitar pacificamente com Israel, tem
vindo a agravar o conflito.
Relativamente
à situação dos conflitos na Europa, o Estadista angolano fez referência ao
surgimento da guerra levada a cabo pela Rússia contra a Ucrânia, Estado
soberano, com consequências graves para o mundo.
“Estes e
outros conflitos que proliferam pelo mundo só vêm tornar cada vez mais
premente a necessidade da urgência da reforma das Nações Unidas, em particular
do seu Conselho de Segurança e das instituições financeiras de Bretton Woods,
saídas do fim da segunda guerra mundial”, exprimiu.
Para o
Presidente João Lourenço estes pressupostos já não reflectem a realidade
política, económica, demográfica e outras do mundo de hoje.
Disse
que África e América Latina reclamam o direito de ocupar acentos como membros
permanente do Conselho de Segurança da ONU, não apenas para defenderem os
direitos dos respectivos povos, mas para serem parte activa das decisões a
tomar sobre os assuntos globais do planeta, como da paz e segurança, alimentar
e energético, saúde pública, comércio internacional, clima e defesa do
ambiente.
O acto
central das celebrações dos 47 anos de existência da MGA, ocorrido no
Soyo, província do Zaire, foi marcado pela inauguração da Base Naval deste
ramo, sob orientação do Presidente da República e Comandante-Em-Chefe das
Forças Armadas Angolanas, João Lourenço.
A MGA é
o ramo naval das Forças Armadas Angolanas, que tem como missão a defesa da
integridade territorial e a soberania nacional no mar, protecção das linhas de
comunicação marítima, busca e salvamento, segurança da navegação, fiscalização
das pescas, protecção de recursos do mar e apoio à política externa do
país.
Criada a
10 de Julho de 1976, após o término do primeiro curso de Especialistas Navais,
ministrado por instrutores cubanos na Base Naval de Luanda, a génese da MGA
pode ser referenciada a 11 de Novembro de 1975, quando um grupo de combatentes
angolanos se apoderou das instalações da Marinha colonial, em virtude do seu
abandono pelas autoridades portuguesas.