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  • 28 Aug 2023

LULA DA SILVA ASSEGURA APOIO A ANGOLA NO SECTOR DA INDÚSTRIA ALIMENTAR

Luanda – O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou sexta-feira, em Luanda, que o seu país é o parceiro ideal para ajudar a alavancar a estratégia de diversificação da economia angolana, sobretudo no sector da indústria alimentar.

Ao discursar por ocasião das conversações oficiais entre os dois governos, o Chefe de Estado brasileiro disse que o país tem conhecimentos tecnológicos e políticas públicas para compartilhar com Angola, no domínio da segurança alimentar.

Lula da Silva disse que os dois Estados enfrentam desafios comuns nesse domínio e anunciou a implementação de um plano de acção conjunta entre os respectivos ministérios da Agricultura, sem especificar o horizonte temporal.

Conforme o Presidente brasileiro, já está a ser desenvolvido um programa no Vale do Cunene, com 25 acções que se complementam, cujo objectivo é promover o desenvolvimento agrícola no continente africano, em particular em Angola.

O programa, explicou, inclui desde pesquisas agropecuárias até a captação para a implementação de políticas de crédito para pequenos produtores, sendo, por isso, um novo paradigma na cooperação do seu país com África.

“O Vale do Cunene é parecido com o Vale de São Francisco no Brasil, uma região ciclicamente afectada por secas, que se transformou num pólo produtor de alimentos”, explicou Lula da Silva, sublinhando que o seu país vai buscar parceiros no sector privado brasileiro, para completar a estrutura de irrigação necessária para o Cunene.

Como países detentores de florestas tropicais, disse, Brasil e Angola precisam de encontrar soluções de desenvolvimento sustentável, conciliando a protecção ambiental com bem-estar das suas populações, sendo que Angola pode se somar ao esforço iniciado na Cúpula do Amazonas, em Belém, no início deste mês.

Destacou o início, em Maio último, da produção da primeira siderúrgica de ferro gusa verde, na província do Cuando Cubango, com base em carvão vegetal, produzida a partir de florescimento de 60 mil hectares de terra degradada.  

No domínio do Turismo, disse que os esforços dos dois países vão na mesma direcção, pelo que os empreendimentos brasileiros trarão práticas sustentáveis, como a dessalinização de água do mar e tratamento de resíduos sólidos eficaz.

Lula da Silva realçou, por outro lado, o facto de o Brasil ter apoiado Angola no passado, em sectores estratégicos, como infra-estruturas e energia, incluindo na altura da guerra, sublinhando que Angola sempre foi a sua maior ponte em África.

Ainda assim, disse que o continente foi tratado com indiferença nos últimos anos, resultando no abandono da cooperação multilateral. “Deixamos de actuar juntos nos fóruns internacionais, agora vamos corrigir esses erros”, vincou.

Declarou que esta sua primeira visita de Estado a um país africano, desde que reassumiu o poder, simboliza o retorno do Brasil à África.

No domínio da Saúde, disse que os dois países retomaram duas frentes de grande impacto, fortaleceram a política de prevenção e diagnóstico e tratamento da hanseníase (doença infecciosa) em Angola, tendo anunciado a primeira fábrica de medicamento no país, resultado de um consórcio de três empresas brasileiras e da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX).Com o início das operações, previsto para 2025, a fábrica de medicamentos vai gerar 280 postos de trabalho, e permitirá ao país atender o mercado local e exportar para outros mercados, adiantou.

No sector da educação, avançou a implementação de um projecto denominado  Escola de Todos que vai aumentar o acesso, a permanência e aprendizagem de estudantes ao sistema de ensino angolano, inclusive pessoas portadoras de deficiência.

Lula da Silva indicou que a ciência e pesquisa também farão parte da cooperação, sendo que as agências de processamento de dados e tecnologias de informação desenvolverão esforços conjuntos concernentes ao capital intelectual.

Na sua opinião, Angola tem condições de tornar-se no pólo de defesa em África, com a aquisição de aeronaves, e a revitalização da frota de tucanos e super tucanos traria transferência de tecnologia.

Afirmou que a indústria naval brasileira pode apoiar a modernização da Marinha de Guerra Angolana, tendo acrescentado que os dois Estados abordaram a questão do financiamento de operações de exportação brasileira, fundamental para alavancar a parceria economia dos dois Estados.

Noutra vertente, Lula da Silva destacou o papel do Presidente João Lourenço na pacificação do conflito que envolve a República Democrática do Congo e o Rwanda.

O presidente da República Federativa do Brasil, aproveitou a oportunidade para convidar o seu homólogo João Lourenço a participar na Cúpula do G20, a ser realizada em Dezembro do corrente ano.