LULA DA SILVA ASSEGURA APOIO A ANGOLA NO SECTOR DA INDÚSTRIA ALIMENTAR
Luanda –
O Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou sexta-feira, em
Luanda, que o seu país é o parceiro ideal para ajudar a alavancar a estratégia
de diversificação da economia angolana, sobretudo no sector da indústria
alimentar.
Ao
discursar por ocasião das conversações oficiais entre os dois governos, o Chefe
de Estado brasileiro disse que o país tem conhecimentos tecnológicos e
políticas públicas para compartilhar com Angola, no domínio da segurança
alimentar.
Lula da
Silva disse que os dois Estados enfrentam desafios comuns nesse domínio e
anunciou a implementação de um plano de acção conjunta entre os respectivos
ministérios da Agricultura, sem especificar o horizonte temporal.
Conforme
o Presidente brasileiro, já está a ser desenvolvido um programa no Vale do
Cunene, com 25 acções que se complementam, cujo objectivo é promover o
desenvolvimento agrícola no continente africano, em particular em Angola.
O
programa, explicou, inclui desde pesquisas agropecuárias até a captação para a
implementação de políticas de crédito para pequenos produtores, sendo, por
isso, um novo paradigma na cooperação do seu país com África.
“O Vale
do Cunene é parecido com o Vale de São Francisco no Brasil, uma região
ciclicamente afectada por secas, que se transformou num pólo produtor de
alimentos”, explicou Lula da Silva, sublinhando que o seu país vai buscar
parceiros no sector privado brasileiro, para completar a estrutura de irrigação
necessária para o Cunene.
Como
países detentores de florestas tropicais, disse, Brasil e Angola precisam de
encontrar soluções de desenvolvimento sustentável, conciliando a protecção
ambiental com bem-estar das suas populações, sendo que Angola pode se somar ao
esforço iniciado na Cúpula do Amazonas, em Belém, no início deste mês.
Destacou
o início, em Maio último, da produção da primeira siderúrgica de ferro gusa
verde, na província do Cuando Cubango, com base em carvão vegetal, produzida a
partir de florescimento de 60 mil hectares de terra degradada.
No
domínio do Turismo, disse que os esforços dos dois países vão na mesma
direcção, pelo que os empreendimentos brasileiros trarão práticas sustentáveis,
como a dessalinização de água do mar e tratamento de resíduos sólidos eficaz.
Lula da
Silva realçou, por outro lado, o facto de o Brasil ter apoiado Angola no
passado, em sectores estratégicos, como infra-estruturas e energia, incluindo
na altura da guerra, sublinhando que Angola sempre foi a sua maior ponte em
África.
Ainda
assim, disse que o continente foi tratado com indiferença nos últimos anos,
resultando no abandono da cooperação multilateral. “Deixamos de actuar juntos
nos fóruns internacionais, agora vamos corrigir esses erros”, vincou.
Declarou
que esta sua primeira visita de Estado a um país africano, desde que reassumiu
o poder, simboliza o retorno do Brasil à África.
No
domínio da Saúde, disse que os dois países retomaram duas frentes de grande
impacto, fortaleceram a política de prevenção e diagnóstico e tratamento da
hanseníase (doença infecciosa) em Angola, tendo anunciado a primeira fábrica de
medicamento no país, resultado de um consórcio de três empresas brasileiras e
da Agência de Investimento Privado e Promoção das Exportações (AIPEX).Com o
início das operações, previsto para 2025, a fábrica de medicamentos vai gerar
280 postos de trabalho, e permitirá ao país atender o mercado local e exportar
para outros mercados, adiantou.
No
sector da educação, avançou a implementação de um projecto denominado
Escola de Todos que vai aumentar o acesso, a permanência e aprendizagem
de estudantes ao sistema de ensino angolano, inclusive pessoas portadoras de
deficiência.
Lula da
Silva indicou que a ciência e pesquisa também farão parte da cooperação, sendo
que as agências de processamento de dados e tecnologias de informação
desenvolverão esforços conjuntos concernentes ao capital intelectual.
Na sua
opinião, Angola tem condições de tornar-se no pólo de defesa em África, com a
aquisição de aeronaves, e a revitalização da frota de tucanos e super tucanos
traria transferência de tecnologia.
Afirmou
que a indústria naval brasileira pode apoiar a modernização da Marinha de
Guerra Angolana, tendo acrescentado que os dois Estados abordaram a questão do
financiamento de operações de exportação brasileira, fundamental para alavancar
a parceria economia dos dois Estados.
Noutra
vertente, Lula da Silva destacou o papel do Presidente João Lourenço na
pacificação do conflito que envolve a República Democrática do Congo e o
Rwanda.
O presidente
da República Federativa do Brasil, aproveitou a oportunidade para convidar o
seu homólogo João Lourenço a participar na Cúpula do G20, a ser realizada em
Dezembro do corrente ano.