PR QUER CONJUGAÇÃO DE ESFORÇOS ENTRE ANGOLA E O BOTSWANA
Gaberone
- O Presidente da República, João Lourenço, destacou, sexta-feira, dia 21, em
Gaberone, a necessidade de um trabalho conjugado entre Angola e o Botswana para
a construção do desenvolvimento económico e social dos dois países.
Falando
durante o jantar oficial oferecido pelo seu homólogo Mokgweetsi Masisi, no
quadro da visita de estado a este país, João Lourenço apontou a
identificação de áreas de interesse comum, tais como o da agropecuária, da
energia e águas, da indústria e comércio, da hotelaria e turismo, da geologia e
minas, dos petróleos, da conservação da natureza, da formação
técnico-profissional e científica, entre outros.
Conforme
o estadista angolano, cabe aos dois países a responsabilidade de dar os
passos concretos para a materialização das acções concertadas, no domínio da
cooperação bilateral.
"Durante
o dia de hoje, passamos em revista questões ligadas aos diversos domínios da
nossa cooperação, onde ficou patente a necessidade de redobrarmos esforços no
sentido de serem criados mecanismos que nos permitam, numa primeira fase,
concentrarmos a nossa acção e os nossos esforços nos sectores onde cada um de
nós é mais forte, de modo a conseguirmos uma verdadeira complementaridade entre
os nossos mercados e a necessária redução da dependência em relação a mercados
que agregam menos valores e vantagens competitivas", asseverou João
Lourenço.
O Chefe
de Estado apontou o facto de Angola ter definido o turismo como um sector
prioritário na sua estratégia de diversificação da economia, uma pretensão
passa necessariamente pelo aproveitamento das potencialidades turísticas da
região angolana do Okavango, que é parte integrante da iniciativa
regional da Área Transfronteiriça de Conservação Okavango Zambeze, integrada
por Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.
"Este
projecto transnacional constitui um grande exemplo de cooperação multilateral
para a preservação dos recursos faunísticos partilhados, onde se destaca o
elefante, que atravessam a nossa fronteira comum ao longo do corredor migratório
de vida selvagem do Cuando", frisou o Estadista.
Apesar
de Angola ainda não ter ractificado o Tratado do KAZA, João Lourenço
adiantou que internamente se está a trabalhar na componente angolana do
Okavango, tendo sido criado um grupo multissectorial para análise e
inventariação dos recursos faunísticos e fundiários, para se ultrapassar todos
os constrangimentos que condicionavam a plena participação nesta
iniciativa.
O
Presidente considerou essencial a atracção de investidores, principalmente os que
já actuam no Botswana, para o fomento da actividade turística na componente
angolana do Okavango.
Para o
efeito, anunciou que será realizado, ainda este ano, o primeiro Fórum de
Investidores para a região angolana do Okavango, que representa uma oportunidade
para os grandes investidores que actuam no Delta do Okavango conhecerem o
potencial e as oportunidades de negócio na região angolana.
Destacou
a necessidade de um trabalho conjunto para a criação de incentivos visando a
promoção de um turismo sustentável, com base no aproveitamento das
potencialidades naturais oferecidas pelo Okavango e zonas circundantes,
contribuindo assim para o alavancar do desenvolvimento económico e social das
comunidades rurais estabelecidas nesta zona.
Dada a
experiência do Botswana neste domínio, João Lourenço manifestou a intenção de
Angola contar com o suporte no que diz respeito à capacitação especializada de
quadros angolanos relativamente à gestão da parte angolana da área
transfronteiriça de conservação e de parques e reservas naturais como as do
Luengue-Luiana e de Mavinga.
O Chefe
de Estado angolano agradeceu o apoio prestado pelo Botswana na formação de
quadros angolanos no âmbito da saúde bovina, bem como na capacitação de
técnicos a nível de laboratórios veterinários.
Existe
um grande interesse por parte de Angola em ampliar-se o espaço de cooperação no
sector da agricultura e pecuária, produção de vacina animal, troca de
experiências no combate à tripanossomíase e investigação veterinária",
adiantou.
Na sua óptica,
esta ideia reforça-se pelo facto de os dois países contarem com abundantes
recursos naturais, um potencial humano elevado, proximidade geográfica,
estabilidade política e um percurso histórico que une os povos.
João
Lourenço apontou, igualmente, a necessidade do incremento da relação
bilateral no sector dos transportes, com a assinatura de um acordo de serviços
aéreos, um memorando de cooperação técnica a nível da Aviação Civil, o
estabelecimento de rotas aéreas para impulsionar o intercâmbio comercial,
cultural e turístico entre a República de Angola e a República do Botswana.
No
domínio dos Recursos Minerais, disse existir interesse em aprofundar, não só ao
nível institucional, como também empresarial, o intercâmbio com o Botswana.
"Vamos
trabalhar na criação de uma plataforma de concertação permanente nos domínios
da exploração, produção e comercialização de diamantes", disse.
No
domínio regional, João Lourenço adiantou que durante a presidência
angolana da SADC procurará trabalhar com os Estados membros de modo a se fazer
frente aos grandes desafios que a organização tem pela frente.
"Não
podemos de modo algum ficar indiferentes aos graves acontecimentos e suas
consequências que ocorrem no nosso continente, no Sudão, na RDC em Moçambique e
na região do SAHEL.
Preocupa-nos
igualmente a situação no Médio Oriente onde o conflito Israelo-Palestino não
parece ter fim à vista não obstante a solução encontrada pelo Conselho de
Segurança das Nações Unidas mas que não é implementada", apontou.
João
Lourenço fez, igualmente, menção ao conflito Rússia/Ucrânia e a anexação
de parte do território ucraniano que, no seu entender, viola os princípios do
Direito Internacional e constituir um mau precedente nas relações entre os
Estados, perigando a paz e segurança mundiais.
"Todos
os esforços devem ser envidados no sentido de se pôr fim a esta guerra pela via
da negociação entre as partes que sejam consideradas relevantes e decisivas
para o sucesso da paz definitiva na Europa", frisou.
Os dois
países-membros da SADC estão determinados a relançar as relações
bilaterais que datam desde os primórdios da Independência de Angola alcançada,
em 1975.
Depois
do estabelecimento das suas relações diplomáticas, Angola e Botswana assinaram,
em Fevereiro de 2006, um acordo geral de cooperação que está em vias de
ser actualizado, antes da assinatura de novos instrumentos jurídicos.