Luanda
– As ossadas de Alves Bernardo Baptista “Nito Alves”, Jacob João Caetano
“Monstro Imortal”, Arsénio José Lourenço ‘Siyanouk’ e de Ilídio Ramalhete,
vítimas dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, repousam já desde segunda-feira (13), no Cemitério do Alto das
Cruzes, em Luanda.
Pomovidos
a títulos postumos aos graus de generais de exército, brigadeiro e capitão das
Forças Armadas Angolanas (FAA), as quatro vítimas dos conflitos políticos foram
enterradas com honras militares.
A
anteceder o acto, o ministro de Estado e Chefe da Casa Militar do Presidente da
República, Francisco Furtado, rendeu homenagem aos malogrados, no
Quartel-General do Exército (Ex-RI20), na presença de familiares das vítimas,
de membros da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos
Políticos (CIVICOP), da Fundação 27 de Maio, de igrejas e da sociedade civil.
Francisco
Furtado transmitiu sentimentos de pesar às famílias das vítimas, gesto seguido
pelo Coordenador da CIVICOP e ministro da Justiça e dos Direitos Humanos,
Francisco Queiroz, titulares dos órgãos de soberania, altas patentes das FAA e
da Polícia Nacional, deputados, representantes de partidos políticos com
assento parlamentar, da Fundação 27 de Maio, entre outros.
O
Chefe da Direcção Principal de Educação Patriótica do Estado Maior General das
Forças Armadas Angolanas (FAA), Tenente-General António de Jesus Fernandes, a
quem coube proceder à leitura do elogio fúnebre colectivo, destacou as
qualidades militares das quatro vítimas dos conflitos políticos.
Considerou
um facto excepcional e eloquente “em que se situa a grandeza significativa para
a reconciliação nacional, do perdão e pacificação de espíritos, sublimado no
pedido de desculpa público feito em nome do Estado angolano pelo Presidente da
República e Comandante-em-Chefe das FAA, João Lourenço, às vítimas dos
conflitos políticos e aos angolanos em geral, a 26 de Maio de 2021”.
“Quis
o destino que hoje, segunda-feira, e após 45 anos, viéssemos neste histórico
Quartel-General do Exercito para prestar a derradeira homenagem a estes filhos
de Angola, falecidos por ocasião dos acontecimentos do 27 de Maio de 1977”,
exprimiu o dirigente militar.
O
presidente da Fundação 27 de Maio, Silva Mateus, ressaltou o empenho do
Presidente João Lourenço neste processo, que teve um desfecho reconciliador,
notando que está em estudo a construção de um memorial para as vítimas dos
acontecimentos do 27 de Maio.
Os
familiares das vítimas exaltaram as qualidades dos seus ente queridos,
considerando-os como “grandes chefes de famílias, comandantes destemidos e
diplomatas de bons ofícios”.
Alves
Bernardo Baptista “Nito Alves”, nascido a 23 de Julho de 1945 na aldeia do
Piri, no Bengo, foi ministro da Administração Interna da República Popular de
Angola. Foi igualmente obreiro da Lei do Poder Popular e pertenceu a primeira
região político-militar do MPLA (Dembos).
Por
outro lado, Jacob João Caetano “Monstro Imortal”, nascido em 1941, também na
aldeia do Piri, no Bengo, foi dos primeiros militantes do MPLA enviados a um
país do Leste (antiga Checoslováquia), onde recebeu instrução militar.
Seu
nome “Monstro Imortal” resulta do seu papel decisivo em várias batalhas ou
conflitos no período de 1963 a 1970. Chegou a ser Chefe do Estado-Maior General
adjunto das ex-FAPLA.
Já
Ilídio Ramalhete, nascido a 14 de Abril de 1954, no Rangel (Luanda), foi um
oficial operativo. Faleceu nos acontecimentos de 27 de Maio com 23 anos de
idade.
Criada
por Decreto Presidencial, em Abril de 2019, a Comissão de Reconciliação em
Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos (CIVICOP), tem por missão elaborar
um plano geral de homenagem às vítimas dos conflitos políticos ocorridos em
Angola, no período de 11 de Novembro de 1975 a 4 de Abril de 2002.
A
CIVICOP é presidida pelo ministro da Justiça e dos Direitos Humanas, Francisco
Queiroz, e integra representantes de vários departamentos ministeriais, como o
da Defesa, Interior, Saúde, Telecomunicações Tecnologias de Informação e
Comunicação Social.