Na intervenção o Chefe de Estafo angolano refutou, informações que dão conta das autoridades terem proibido a realização de manifestações e condenou a vandalização de bens por alguns manifestantes.
"Passa-se muitas vezes a informação tendenciosamente deturpada de que as autoridades angolanas proibiram as manifestações, algo que é absolutamente falso, porque com as limitações da Covid-19, o que o Executivo fez, no âmbito das suas responsabilidades, foi limitar o número de pessoas em ajuntamentos na via pública", esclareceu.
Ao discursar no encontro com as chefias das forças militares e policiais João Lourenço condenou, veementemente, a vandalização de bens públicos e privados por alguns jovens manifestantes.
Lembrou que o país assistiu "com indignação o ultraje e a profanação da figura de Agostinho Neto, pai da Nação cometido por alguns jovens manifestantes".
"Essa atitude em nada dignifica a juventude angolana, que ao longo da nossa história deu provas de boa educação, de respeito pelos símbolos nacionais e figuras históricas. Deu provas de patriotismo", salientou.
"Não há necessidade de vandalização de bens públicos ou privados, não há necessidade de agressão física ou verbal contra as autoridades, contra cidadãos ou contra jornalistas de órgãos que aparentemente não apoiem a realização das manifestações", enfatizou.
Considerou que destruir bens públicos ou privados, ultrajar, ofender ou ameaçar de morte, não importa quem, não é manifestar e "são actos condensáveis".
Recordou que o país vive um momento de grande abertura democrática, onde os direitos e garantias fundamentais dos cidadãos são efectivamente exercidos, salvo algumas limitações temporárias impostas pela necessidade de contenção da expansão da Covid-19.
Indicou que, durante as manifestações, o Estado, através das forças da ordem, tem a responsabilidade de garantir a segurança e tranquilidade dos cidadãos, que não adiram as mesmas, a segurança dos próprios manifestantes e a protecção dos bens públicos e privados que se encontram ao longo do percurso utilizado por quem se manifesta.
João Lourenço disse ser possível realizarem-se manifestações ordeiras e que atingem na mesma o seu objectivo, o de levar a mensagem que se pretende às autoridades e à sociedade.
Apelou, com efeito, a todos compatriotas para usufruir dos direitos e liberdades a que têm direito, mas com responsabilidade e civismo.
O Presidente da República convidou "a todos a aceitar o desafio de mostrarmos que é possível em Angola haver uma coabitação possível, entre as forças da ordem e os manifestantes, fazendo com que durante a manifestação, cada um cumpra com o seu papel sem molestar os outros".
Recomendou que as forças da ordem devem exercer a autoridade do Estado com firmeza sempre que a situação aconselhar, mas também com alguma contenção procurando sempre encontrar o ponto de equilíbrio entre a necessidade de estabelecer a ordem e o direito de manifestação dos cidadãos.
"Não se deve aceitar excessos gratuitos, quer das forças da ordem, quer da parte dos manifestantes", salientou.
O fim último de uma manifestação, aclarou, é o de se chamar atenção das autoridades para situações que os cidadãos considerem que podem ser melhoradas e corrigidas, em benefício das comunidades.