Luanda - A situação na República Centro-Africana (RCA)
esteve em análise sexta-feira (8), em Luanda, numa audiência que o Presidente
angolano, João Lourenço, concedeu a Sylvie Temon, enviada especial do Chefe de
Estado daquele país.
No centro do encontro esteve, entre outros temas, a
implementação do Roteiro Conjunto para a Paz na RCA, um documento que prevê a
continuação das consultas com os líderes dos grupos armados para uma renúncia
total à violência naquele país.
"Informamos ao Presidente João Lourenço os
avanços implementados na RCA, com base no roteiro de paz”, afirmou a
enviada do Presidente Faustin Touadera.
À saída do encontro, Sylvie Temon disse tratar-se do
roteiro adoptado em Luanda, em Setembro do ano transacto, durante a
Mini-Cimeira dos Chefes de Estado e de Governo da Conferência Internacional
sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Sylvie Temon, que é ministra dos Negócios
Estrangeiros da RCA, considerou calma a situação no seu país, do
ponto vista das confrontações entre grupos armados
anti-governo.
A governante, que foi portadora de uma mensagem do
Presidente Faustin Touadera, reconheceu a existência de algumas
escaramuças protagonizadas pela “rebelião armada”.
Assegurou que o actual Governo da RCA
está empenhado na aplicação do Roteiro de Paz.
O Chefe de Estado angolano, na qualidade de presidente
em exercício da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos
(CIRGL), de que a RCA é membro, tem intercedido para a pacificação e
estabilidade daquele país.
Situação na RCA
Em Outubro de 2021, o Presidente Faustin Touadéra
anunciou um cessar-fogo unilateral, por parte do exército, no conflito com
grupos armados. Os rebeldes aceitaram a trégua, à excepção de duas importantes
organizações.
O anúncio do
cessar-fogo ocorreu na sequência dos esforços empreendidos pela CIRGL.
Um embargo de armas foi decretado contra o Governo da
RCA, há vários anos, e existe um esforço diplomático no âmbito da CIRGL no
sentido de se levantar tal proibição.
O presidente em exercício da organização defendeu, em
2021, numa sessão do Conselho de Segurança da ONU, o fim do embargo de armas
imposto à RCA.
Na ocasião, o Presidente João Lourenço afirmou que o
embargo não se justificava, porquanto as autoridades daquele país têm o direito
de garantir a segurança e a defesa da integridade territorial do Estado.
Desde o golpe de Estado perpetrado pelo grupo
“Seleka“, que conduziu à queda de François Bozizė, ex-Presidente
centro-africano, o país mergulhou numa situação de insegurança.
O actual Chefe
de Estado, Faustin Touadéra, venceu as presidenciais de 27 de Dezembro de 2020,
com 53,16 por cento dos votos, contra 21,69 por cento do seu principal
adversário, o antigo primeiro-ministro Anicet Georges Dologuéle.
As eleições decorreram num contexto de
insegurança. Dez dias antes do pleito, seis dos mais poderosos grupos armados
da RCA controlavam dois terços do território.
A CIRGL foi criada com o objectivo de resolver questões
de paz e segurança, após os conflitos políticos que assolaram a região, em
1994.
A par de Angola
e da RCA são membros da CIRGL Burundi, Congo, República Democrática do
Congo, Ruanda, Sudão, Sudão do Sul, República Unida da Tanzânia, Uganda
e Zâmbia.