Sob
mediação do Presidente da República
de Angola, João Lourenço, a
República Democrática do Congo (RDC) e a República do Ruanda acordaram quarta-feira (6), em
Luanda, um cessar-fogo imediato e conconcordaram em criar um mecanismo de
observação 'ad-hoc', para aliviar as
tensões na relação entre os dois países.
A
cidade dec Luanda acolheu nesta quarta-feira, uma cimeira tripartida entre os
Presidentes Félix Antoine
Tshisekedi, da República Democrática
do Congo, e Paul Kagame do
Ruanda, por iniciativa do Presidente
João Lourenço, de Angola.
O
conflito armado no leste da RDC, já forçou o deslocamento de milhares de
pessoas na província do Kivu Norte.
A
decisão do cessar-fogo foi anunciada pelo Presidente angolano, João Lourenço,
no final da cimeira tripartida, que visou abordar o conflito armado no leste da
RDC.
No
quadro da reunião, que decorreu na capital angolana sob mediação do Presidente
João Lourenço, as partes acordaram, também, a imediata retirada das posições
ocupadas pelo M23 no leste da RDC.
“É com
satisfação que devo anunciar que tivemos progressos, na medida em que acordamos
um cessar-fogo”, anunciou o Chefe de Estado angolano no final do encontro.
João
Lourenço afirmou que as partes decidiram, igualmente, a criação de um mecanismo
de observação “Ad-hoc” que terá à cabeça um oficial Oficial General angolano
das Forças Armadas Angolanas.
Adiantou
que o referido mecanismo vai vigorar simultaneamente com outro existente a
nível da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL).
Para
além disso, prosseguiu o Presidente angolano, ficou acordada a realização da
reunião da comissão mista RDC e o Ruanda, em Luanda, na próxima terça-feira
(12).
Sobre
a cimeira, o Chefe de Estado angolano referiu que “houve um entendimento
perfeito” entre os três presidentes.
A
actual escalada da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23
de Março), milícia armada que em 2012 fez oposição ao governo congolês e gerou
um violento conflito naquela região.
O M23
era inicialmente uma milícia formada por tutsis da RDC e, alegadamente, apoiada
pelos governos de Ruanda e Uganda. Em 23 de Março de 2009, a milícia assinou um
acordo de paz com o governo congolês que culminou com a incorporação dos seus
membros no exército da RDC.
Em
2012, o M23 reergueu-se contra o governo da RDC, acusado de não cumprir a sua
parte no acordo assinado três anos antes. Nasceu, assim, o M23, em referência à
data em que foi firmado o controverso pacto.
A
tensão entre a milícia e o exército chegou ao ápice em Novembro de 2012, quando
o M23 assumiu o comando da região de Goma (RDC).
As
relações entre os dois países vizinhos complicaram-se desde que a RDC recebeu,
na parte leste, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis
em 1994.
Em Março
do ano em curso (2022), a RDC acusou o governo do Ruanda de enviar militares
das forças especiais para o território congolês.