Luanda - A situação na República Democrática do Congo
foi analisada, quinta-feira (23), em
Luanda, pelo Presidente angolano, João Lourenço, e o enviado especial do
secretário-geral da ONU para a Região dos Grandes Lagos, Huang Xia.
No final da audiência com o estadista angolano, Huang
Xia disse à imprensa que a Região dos Grandes Lagos vive uma
"situação extremamente complicada" no Leste da República Democrática
do Congo (RDC), que “pode levar a distúrbios ou mesmo a um conflito em grande
escala”.
O diplomata chinês ao serviço das Nações Unidas
reconheceu a experiência de Angola na resolução de conflitos e afirmou que a
diplomacia angolana pode contribuir para a pacificação da região.
Sobre a cimeira de Luanda, que está a ser preparada sob
os auspícios do Presidente João Lourenço, para um diálogo, proximamente, entre
os líderes da RDC e do Rwanda, respectivamente Felix Tchisekedi e Paul
Kagame, considerou “importante” para o lançamento das bases para o diálogo
entre as partes em conflito.
Garantiu que a ONU vai continuar a apoiar os esforços
diplomáticos de Angola, para que haja um desfecho positivo na resolução desse
conflito.
A nova crise entre os dois países da África Central,
membros da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL),
começou a 27 de Maio deste ano, quando a RDC acusou abertamente o Rwanda de
apoiar o grupo rebelde M23, que ressurgiu na província do Kivu-Norte, no Leste
congolês-democrático.
O Chefe de de Estado angolano, na sua qualidade de
presidente da CIRGL, tem mantido contactos regulares com os seus homólogos da
RDC e do Rwanda, para a busca de consenso e tentativa de evitar um conflito
armado de maiores proporções na região.
Além de Angola e RDC, a CIRGL é integrada por Burundi,
República do Congo, República República Centro Africana (RCA), Rwanda, Sudão,
Sudão do Sul, Tanzânia, Uganda e Zâmbia.
A organização foi criada com o objectivo de resolver
questões de paz e segurança, após os conflitos políticos que marcaram a região
em 1994.
Causas das sucessivas crises entre Kinshasa e Kigali
Entre a RDC e o Rwanda, os conflitos derivam de vários
factores de animosidade histórica, de ódio sedimentado e de diversas
concorrências de rendimento.
No período colonial, vários camponeses rwandeses foram
instalados nas colinas de Masisi (RDC) pelos colonos alemães e belgas, sendo 25
mil entre 1933 e 1945, e 60 mil entre 1949 e 1955.
A administração colonial chegou a calcular em 170 mil o
número de cidadãos rwandeses instalados no Congo, na mesma altura em que também
se instalou no país a chamada comunidade ‟banyamulenge”.
Depois da independência do Congo, em Junho de 1960,
toda a crise política no Rwanda e no Burundi provocava uma nova vaga de
refugiados e uma linguagem agressiva de etnicidade da parte dos autóctones
encontrados.