NOTÍCIA
  • 08 Jul 2022

RDC E RUANDA APOSTAM NO DIÁLOGO PARA FIM DA TENSÃO POLÍTICA LUANDA

Luanda- Os presidentes do Ruanda, Paul Kagame, e da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, convergiram, nesta quarta-feira, na necessidade de pôr fim às divergências entre os dois países, com o intuito de se solucionar o conflito armado no leste da RDC.

Falando à imprensa, no final da cimeira tripartida, os dois estadistas, que enalteceram os esforços do Presidente João Lourenço para amenizar as relações entre os dois países, realçaram o facto de a crise política estar a contribuir, negativamente, para o deteriorar da situação militar no Leste da RDC e do bem-estar das comunidades locais.

Paul Kagame considerou satisfatório os resultados alcançados na Cimeira de Luanda, tendo em conta as bases de entendimento obtido sob mediação do Presidente João Lourenço.

O Chefe de Estado do Ruanda afirmou que o entendimento de Luanda será o princípio para a normalização das relações entre os dois países e povos.

Para Félix Tshisekedi, os esforços de João Lourenço estão a contribuir para amenizar a tensão e as relações entre os dois países vizinhos.

Félix Tshisekedi considerou “inútil” o clima tenso entre os dois países e povos, por ser um factor desestabilizador e não contribuir para o desenvolvimento e bem-estar dos respectivos povos e comunidades.

Na sua óptica, é necessário dar-se passos em frente para se pôr termo à crise e se restabelecer a confiança entre as lideranças políticas, como forma de olhar-se para o futuro da RDC e do Ruanda, em particular, e da região em geral.

As relações entre os dois países vizinhos complicaram-se desde que a RDC recebeu, na parte leste, hutus ruandeses acusados de participar do genocídio de tutsis em 1994.

Em Março do ano em curso (2022), a RDC acusou o governo do Ruanda de enviar militares das forças especiais para o território congolês.  

A actual escalada da tensão deve-se ao ressurgimento do grupo M23 (Movimento 23 de Março), milícia armada que em 2012 fez oposição ao governo congolês e gerou um violento conflito que forçou o deslocamento de milhares de pessoas na província do Kivu Norte.

No final do mesmo ano (2012), o M23 assumiu o controlo de Goma, mas recuou depois de o governo congolês aceitar abrir negociações.

O M23 era inicialmente uma milícia formada por tutsis da RDC e, alegadamente, apoiada pelos governos de Ruanda e Uganda. Em 23 de Março de 2009, a milícia assinou um acordo de paz com o governo congolês que culminou com a incorporação dos seus membros no exército da RDC.

Entretanto, em 2012, os rebeldes se reergueram contra o governo da RDC, acusado de não cumprir a sua parte no acordo assinado três anos antes. Nasceu, assim, o M23, em referência à data em que foi firmado o controverso pacto.

A tensão entre a milícia e o exército chegou ao ápice em Novembro de 2012, quando o M23 assumiu o comando da região de Goma (RDC).