Luanda –
A minicimeira regional desta quarta-feira, em Luanda, decidiu usar a força para
a rendição dos rebeldes do M23 na República Democrática do Congo (RDC) se estes
não cessarem as hostilidades nem abandonarem as suas posições até sexta-feira,
25.
Segundo
o comunicado final do encontro, os rebeldes do Movimento de 23 de Março (M23)
devem liberar todos os territórios que ocupam actualmente e regressar às suas
posições iniciais.
Em caso
de recusa, os chefes de Estado e de Governo da Comunidade dos Estados da África
Oriental (EAC) orientarão o uso da força “para induzi-los a render-se”, refere
o documento lido pelo ministro angolano das Relações Exteriores, Téte António.
O
encontro cimeiro de Luanda teve como principal objectivo estabelecer um
calendário para a implementação de “acções prioritárias” para a cessação das
hostilidades e a retirada imediata do M23 das localidades congolesas ocupadas.
Expressou
a sua preocupação pelo agravamento da insegurança e das acções militares
persistentes do M23, depois de este adquirir armas “cada vez mais sofisticadas”
e outros meios para realizar ataques contra as Forças Armadas da República
Democrática do Congo (FARDC).
Os
chefes de Estado presentes no encontro consideraram que a persistência de
forças negativas e terroristas na região leste da RDC constitui uma ameaça à
paz, à segurança e à estabilidade na sub-região.
Por
isso, decidiram a cessação das hostilidades em geral e em particular dos
ataques do M23 contra a FARDC e a Missão das Nações Unidas no país (MONUSCO)
bem como o cumprimento integral das decisões anteriores tomadas em
Luanda, Nairobi e Bujumbura.
Decidiram
igualmente a cessação de todo o apoio político-militar ao M23 e a todos os
outros grupos armados locais e estrangeiros que operam no leste da RDC e na
região dos Grandes Lagos, incluindo a FDLR-FOCA, RED-TABARA, ADF e outros.
Todos
estes grupos armados que operam em território congolês deverão depor
“imediatamente as armas” e iniciarão o seu repatriamento incondicional nos
termos do Processo de Nairobi, com o apoio da MONUSCO, do Mecanismo de
Verificação Ad-Hoc do Processo de Luanda e da Força Regional da EAC.
O
desarmamento e acantonamento do M23 em território congolês sob o controlo das
FARDC, da Força Regional e do Mecanismo de Verificaçao Ad-Hoc, com a
colaboraçào da MONUSCO faz parte igualmente das decisões tomadas.
Retomada
do diálogo RDC-Rwanda
A
minicimeira de Luanda decidiu ainda a retomada do diálogo entre a RDC e o
Rwanda, visando a normalização das suas relações diplomóticas e o relançamento
da cooperação entre os dois Estados vizinhos.
Apelou à
comunidade Internacional a prestar assistência humanitária às
centenas de milhares de pessoas deslocadas das áreas afectadas pela guerra na
província do Kivu-Norte, no leste da RDC.
O
encontro enalteceu o engajamento activo do Presidente João Lourenço na
resolução da crise de segurança no leste da RDC.
Além do
Presidente João Lourenço, a mini-cimeira de Luanda contou com a presença dos
seus homólogos do Burundi e presidente em exercício da EAC, Évariste
Ndayishimiye, e da RDC, Félix-Antoine Tshisekedi Tshilombo.
Estiveram
igualmente presentes o ministro dos Negócios Estrangeiros e Cooperação
Internacional do Rwanda, Vincent Biruta; o ex-Presidente do Quénia e
facilitador da paz para a RDC designado pela EAC, Uhuru Kenyatta, e a
representante especial do presidente da Comissãoo da União Africana (UA),
Michelle Ndiaye.
O
secretário executivo da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes
Lagos (CIRGL), João Samuel Caholo, e o comandante do Mecanismo de Verificação
Ad-Hoc, tenente-general Nassone João, estiveram também entre os convidados ao
encontro.
Burundi
acolhe próxima minicimeira
De
acordo com o comunicado final, o Burundi vai acolher a próxima minicimeira
regional sobre a situação na República Democrática do Congo (RDC), para avaliar
a implementação das decisões saídas do encontro desta quarta-feira, em Luanda,
sobre a cessação das hostilidades na fronteira com o Rwanda.
A
reunião da capital burundesa, Bujumbura, a realizar-se em data a anunciar, vai
basear-se num relatório sobre o grau de cumprimento do acordo de cessação das
hostilidades no leste da RDC.