NOTÍCIA
  • 28 May 2021

Presidente da República pede desculpas públicas e perdão pelas vítimas dos conflitos no país

O Presidente da República, João Lourenço, pediu, nesta quarta-feira (26), junto das vítimas dos conflitos e dos angolanos no geral, em nome do Estado angolano, desculpas públicas e perdão, pelo “grande mal” que foram as execuções sumárias naquela altura e naquelas circunstâncias. 

 

Ao discursar, no Palácio Presidencial, em Luanda, no quadro da reconciliação nacional, em memória das vítimas dos conflitos políticos em Angola, entre 11 de Novembro de 1975 e 4 de Abril de 2002, o Chefe de Estado disse que o pedido público de desculpas e de perdão, não se resume a simples palavras.

 

“A intenção reflecte o nosso sincero arrependimento e vontade de pôr fim à angústia que, ao longo destes anos, as famílias carregam consigo, por falta de informação sobre o destino dado aos seus ente-queridos”, destacou.

 

Para o Presidente da República, “não é hora de nos apontarmos o dedo procurando os culpados. Importa que cada um assuma as suas responsabilidades na parte que lhe cabe.

 

João Lourenço fez uma descrição dos acontecimentos de 27 de Maio de 1977, em que um grupo de cidadãos organizados levou a cabo uma tentativa frustrada de golpe de Estado, matando altas figuras do poder instituído, com referência ao antigo ministro Saidy Vieira Dias Mingas, os comandantes Paulo Silva Mun gungu “Dangereux”, José Manuel Paiva “Bula”, Eugénio Veríssimo da Costa “Nzagi”, Eurico Gonçalves e os cidadãos Hélder Ferreira Neto, António Garcia Neto, Cristiano dos Santos e Adelino Recua.

 

Disse que nós próximos dias, o Governo dará início ao processo de localização dos restos mortais (ossadas) dos cidadãos falecidos na altura.

 

Dentre eles, constam, Alves Bernardo Baptista (Nito Alves), Jacob João Caetano (Monstro Imortal), Ernesto Eduardo Gomes da Silva (Bakalof), Sita Maria Dias Valles (Sita Valles), José Jacinto da Silva Vieira Dias Van-Dúnem (Zé Van-Dúnem), António Urbano de Castro (Urbano de Castro), David Gabriel

José Ferreira (David Zé), Artur de Jesus Nunes (Artur Nunes), Pedro Fortunato, Arsénio José Lourenço Mesquita (Sianuk), António Lourenço Galiano da Silva, Domingos Ferreira de Barros (Sabata), de ex-militares da 9a Brigada, de ex-militares do Destacamento Feminino e de ex-militares da DISA, vítimas do 27 de Maio de 1977.

 

Após a exumação, os restos mortais serão entregues 

aos familiares. Serão ainda entregues às respectivas famílias as ossadas de Jeremias Kalandula Chitunda, Elias Salupeto Pena e Adolosi Paulo Mango Alicerces, tombados em combate no conflito pós-eleitoral de 1992.

 

O Chefe de Estado disse que, devido à necessidade da manutenção do sigilo, apenas nos próximos dias serão feitas as primeiras escavações e dados os primeiros passos na materialização do que foi anunciado. 

 

Na cerimónia estiveram presentes os membros do Conselho da República, da Comissão de Reconciliação em Memória das Vítimas dos Conflitos Políticos, líderes das Igrejas e representantes de organizações e da sociedade civil.