TRIBUNAL SUPREMO NEGA LIBERDADE CONDICIONAL A AUGUSTO TOMÁS
Luanda - O Tribunal Supremo (TS) negou a liberdade
condicional a Augusto Tomás, ex-ministro dos Transportes, condenado a sete anos
e um mês de prisão, após reformulação do cúmulo jurídico.
Detido desde Setembro de 2018, Augusto Tomás atingiu o
meio da pena em Abril deste ano (2022).
Na sentença, a que a ANGOP teve acesso hoje
(quarta-feira), o Tribunal Supremo refere que rejeita o recurso, porque a
"pena é branda para a conduta tão grave como assumida pelo
arguido".
O TS acrescenta que o magistrado do Ministério Público
emitiu parecer desfavorável por entender que o arguido não revelou
arrependimento.
Adianta que
"antes pelo contrário, recorreu da decisão para todas as instâncias de recurso,
além de não ter manifestado vontade de reparar os danos causados ao Estado, por
via da indeminização a que também foi condenado".
Em Agosto de 2019, o ex-ministro Augusto Tomás havia
sido condenado a 14 anos de prisão maior, na sequência do "Caso CNC".
Por dentro do Caso CNC (Conselho Nacional de
Carregadores)
O “Caso CNC” surgiu na sequência da publicação dos
resultados do relatório da Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE),
realizada no Conselho Nacional de Carregadores (CNC), instituto titulado pelo
Ministério dos Transportes.
Dentre as várias irregularidades detectadas destacam-se
casos de nepotismo, peculato e corrupção, em grande escala, e indícios de
criminalidade organizada.
Como uma das consequências, Augusto Tomás foi exonerado
do cargo de ministro dos Transportes, sendo substituído por Ricardo de
Abreu.
O afastamento de Augusto Tomás ocorreu no seguimento da
polémica em torno de uma anunciada parceria público-privada para a constituição
de uma companhia aérea.
Três meses após a sua exoneração, Augusto Tomás foi
detido, a 21 de Setembro de 2018, numa sexta-feira, depois de ter sido ouvido
no Departamento Nacional de Investigação e Acção Penal (DNIAP) da Procuradoria
Geral da República (PGR) e conduzido ao Hospital Prisão de São Paulo, em
Luanda.
Em comunicado, a PGR explicava que Augusto Tomás foi
detido como resultado de uma medida de coação pessoal aplicada por indícios de
crimes de peculato e corrupção na gestão do CNC.
Acto contínuo, a PGR deteve o antigo director-geral do
CNC, Manuel António Paulo, a directora-geral-adjunta para a Administração e
Finanças, Isabel Bragança, e o director-geral-adjunto para a área Técnica, Rui
Moita.