PR ABRIU 8ª EDIÇÃO DO CONGRESSO E EXPOSIÇÃO AFRICANO DE PETRÓLEO E GÁS (CAPE VIII)
Luanda -
Teve início nesta segunda-feira,
em Luanda o oitavo Congresso Africano de Petróleo e Gás, evento que terá a
duração de quatro dias.
O
Presidente da República, João Lourenço, foi convidado a abrir os trabalhos da
reunião continental, que vai decorrer até o dia 19 na capital .
Na
ocasião o Chefe de Estado angolano proferiu
o discurso que se segue:
-Suas
Excelências Membros do Conselho de Ministros da Organização dos Países
Africanos Produtores de Petróleo;
-Suas
Excelências Ministros dos Países Observadores da APPO;
-Sua
Excelência Secretário Geral da APPO;
-Senhores
Membros do Conselho Executivo da APPO;
-Senhores
Presidentes dos Conselhos de Administração das Empresas Nacionais e
Internacionais de Petróleo e Gás;
-Senhores
Membros do Executivo Angolano;
-Senhores
Membros do Corpo Diplomático acreditado em Angola;
-Caros
convidados;
-Minhas
Senhoras e Meus Senhores.
Foi com
grande entusiasmo e interesse que recebi o convite para presidir à cerimónia de
abertura oficial do 8º Congresso e Exposição Africano de Petróleo e Gás, pois
reputo de extrema importância a abordagem da problemática relativa ao petróleo
e gás em África, uma vez que, apesar dos esforços em curso para descarbonização
das economias, estes recursos energéticos continuarão ainda a desempenhar um
papel de destaque na economia mundial e africana nas próximas décadas.
Permitam-me,
antes de mais, desejar boas vindas a todas as personalidades políticas e aos
dignos executivos das companhias petrolíferas nacionais e internacionais que
nos honram com as suas presenças e que vão certamente enriquecer a discussão
dos temas propostos para o debate.
O lema
escolhido para a 8ª Edição do Congresso e Exposição Africano de Petróleo -
“Transição Energética, Desafios e Oportunidades na Indústria Africana de
Petróleo e Gás” – demonstra, mais uma vez, a forte intenção dos líderes dos
países africanos produtores de petróleo e gás em abordar e deliberar sobre os
desafios e as oportunidades da transição energética e o futuro da indústria de
petróleo e gás de África, face ao COP 21 e COP 26.
Saúdo a
decisão do Conselho de Ministros da APPO de realizar a 8ª edição do Congresso e
Exposição Africano de Petróleo e Gás, CAPE VIII, em Luanda, precedido de uma
Sessão Extraordinária do Conselho de Ministros, bem como da primeira Reunião do
Comité nomeado para elaborar a Estratégia de Longo Prazo da APPO e do Primeiro
Fórum dos Presidentes dos Conselhos de Administração das Companhias Nacionais
de Petróleo dos Países Membros da APPO.
Excelências,
Minhas
Senhoras, Meus Senhores,
A
República de Angola deu início em 2018 a um conjunto de reformas no sector
petrolífero para melhorar a sua governança, transparência e eliminar possíveis
conflitos de interesse.
Estas
reformas culminaram com a criação da Agência Nacional de Petróleo, Gás e
Biocombustíveis (ANPG), com a função de Concessionária Nacional, a
institucionalização do Instituto Regulador dos Derivados de Petróleo (IRDP),
como órgão regulador dos segmentos do mid e downtream, assim como a
reestruturação da Sonangol EP para o seu reposicionamento e foco na cadeia de
valor de petróleo e gás natural.
Desde
2016 que a produção petrolífera de Angola tem registado um declínio acentuado
por diversas razões, com especial realce para a quase ausência de investimentos
na exploração. Assim, para inverter a tendência decrescente da produção, o
Executivo Angolano promoveu iniciativas para o relançamento da actividade de
exploração petrolífera, a melhoria da eficiência operacional e a optimização de
custos, assim como o fomento do conteúdo local.
Com
vista a passar a ser não só exportador de petróleo bruto mas também de produtos
refinados, o Executivo colocou entre as suas principais prioridades a
construção das refinarias de Cabinda e do Soyo, a requalificação da refinaria
de Luanda, todos projectos em curso, e o projecto maior da refinaria do Lobito,
a iniciar tão cedo quanto possível, garantindo no conjunto a refinação de quase
400.000 barris de petróleo bruto dia no futuro.
Ao mesmo
tempo, o Executivo decidiu pelo aumento da capacidade de armazenagem de
combustíveis e lubrificantes, assim como da rede de postos de abastecimento em
todo o país, contando com a iniciativa privada para o alcance deste objectivo.
Por
outro lado, o Executivo Angolano tomou a decisão de aderir à Iniciativa da
Transparência na Indústria Extractiva (ITIE), tendo constituído o seu Comité
Nacional de Coordenação, como órgão colegial que tem como objectivo a promoção
da boa governação e consequentemente melhorar a transparência na gestão das
receitas dos recursos minerais, no geral, e petrolíferos em particular.
Tendo
presente as alterações climáticas e a crescente preocupação ambiental e a
necessidade da transição energética para
uma economia de baixo carbono, o Executivo Angolano tem orientado no sentido de
promover uma exploração sustentada dos recursos energéticos fósseis e,
gradualmente, criar oportunidades para o desenvolvimento e utilização de fontes
renováveis de energia como a solar, eólica, a biomasssa e o hidrogénio, estando
já em curso algumas acções e projectos concretos neste sentido.
Excelências,
Minhas
Senhoras, Meus Senhores,
Tenho
acompanhado com atenção e interesse o percurso da APPO, que evoluiu de
Associação Africana de Produtores de Petróleo (APPA) para associação para Organização, enfatizando
assim a estrutura orgânica dos membros.
A missão
e visão da Organização foram profundamente alterados, a fim de prepará-la para
os desafios iminentes resultantes da mudança do paradigma global dos
combustíveis fósseis para as energias renováveis, designado por Transição
Energética.
O estudo
sobre “O Futuro da Indústria do Petróleo e Gás em África à Luz da Transição
Energética” revela a existência de uma organização capaz de liderar as
transformações da indústria petrolífera africana face à tremenda pressão de
poderosos interesses externos para abandonar de forma precipitada os
combustíveis fósseis.
Excelências,
Minhas
Senhoras, Meus Senhores,
O estudo
realizado pela Organização ilustra os desafios principais que os Países
Africanos Produtores de Petróleo poderão enfrentar para continuarem a
beneficiar dos seus recursos naturais à luz da transição energética
global.
Refiro-me
à probabilidade de mais de 125 biliões de barris de petróleo bruto e mais de
500 triliões de pés cúbicos de gás de reservas comprovadas ficarem para sempre
inexploradas caso não nos mantenhamos unidos e capazes de defender nossos
interesses enquanto continente.
Durante
várias décadas, os projectos da indústria petrolífera africana nas suas três
fases de desenvolvimento eram financiados com recurso exclusivo ao capital
estrangeiro, situação que se pode alterar como resultado da mudança do
paradigma global dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.
Se as
instituições nas quais confiámos fortemente durante vários anos decidirem
acabar com o investimento na principal fonte de receita dos nossos países,
temos que encontrar em conjunto uma solução interna que nos permite aproveitar
os nossos recursos energéticos, como a reforma e reestruturação do Fundo APPA
para Cooperação Internacional e o trabalho que vem sendo realizado com o
AFREXIMBANK para a criação de um Banco Africano de Energia.
Historicamente,
o petróleo e o gás africanos foram explorados e produzidos principalmente para
atender à procura externa dos países industrializados da Europa, América e
Ásia, correndo hoje o sério risco de ficarmos sem mercado num futuro próximo.
A nossa
realidade demonstra que uma parte significativa de pessoas no continente
africano não tem acesso à electricidade nem
a nenhuma outra forma de energia moderna para uso doméstico, implicando
assim a necessidade da criação do mercado africano capaz de absorver uma fatia
maior do petróleo e gás que a África
produz.
Excelências,
Minhas
Senhoras
Meus
Senhores,
A
médio/longo prazo, os combustíveis fósseis estão condenados a ser banidos
definitivamente como uma das medidas para a proteção do Ambiente e,
consequentemente, do nosso planeta.
Todos
nós estamos obrigados a aderir à necessidade da transição energética para
salvarmos o planeta Terra, nossa casa comum. Defendemos, contudo, a necessidade
de essa transição ser um processo gradual e
responsável, que defenda o planeta sem que traga mais fome e
miséria aos povos daqueles países que têm na exploração do petróleo e
gás sua principal fonte de divisas.
Enquanto
acontece o processo de transição energética, nossos países devem acelerar a
diversificação de suas economias e aproveitar ao máximo as receitas do petróleo
para a industrialização do continente.
Sabemos
que não é fácil porque temos pouco tempo, mas não temos outra escolha senão nos
mentalizarmos que, por ser necessário, tem de ser possível!
Apraz-me
saber que está prevista a realização da primeira Cimeira de Chefes de Estado da
APPO, pelo que a República de Angola apoia esta iniciativa porquanto os
desafios que a África enfrenta hoje neste domínio devem ser tratados ao mais
alto nível político.
Gostaria
de exortar aos digníssimos Ministros e CEOs das empresas nacionais de Petróleo
e Gás e todos intervenientes na indústria de petróleo e gás dos países membros
da APPO e observadores a se comprometerem em enfrentar os desafios da indústria
no continente.
Com
estas palavras, declaro aberta a 8ª Edição do Congresso e Exposição Africano de
Petróleo e Gás.
Muito
Obrigada pela Vossa atenção!