Luanda - O Presidente da República, João
Lourenço, defendeu, segunda-feira, em Luanda, dia 23, a aposta na
diplomacia multilateral em todas dimensões e no fortalecimento das instituições
que têm a responsabilidade de prevenir os conflitos e garantir a paz e a
segurança universal.
De acordo com Chefe de Estado angolano, que discursava
na abertura da 147ª Assembleia Geral da União Inter-Parlamentar (UIP), o lema
central do encontro, "Acção Parlamentar para a Paz, Justiça e instituições
fortes", lembra que os factores de instabilidade, já identificados,
só serão superados se se apostar neste tipo de diplomacia.
A diplomacia parlamentar, explicou, é uma
força inegável das relações internacionais, e as questões mais candentes que
afectam a humanidade têm sido igualmente abordadas por parlamentares, quer seja
no plano bilateral como no plano multilateral.
Referiu que a reunião acontece numa altura em que os
povos do mundo em geral clamam por mais paz, justiça e por instituições cada
vez mais inclusivas, decisivas, e mais actuantes na construção dos
propósitos globais da comunidade internacional.
No seu discurso para mais de mil
parlamentares, augurou que a acção a ser desenvolvida,
durante os cinco dias de discussões, para além de gerar profundas
reflexões, possa contribuir para a construção e a solidificação dos mecanismos
de promoção da paz e da justiça social.
Lembrou que estarão em debate temas sobre a segurança
internacional, engajamento dos deputados no diálogo, legislação,
fiscalização, papel dos parlamentos na promoção de uma cultura de
transparência, contra a corrupção e o engajamento dos cidadãos para restaurar a
confiança nas instituições nacionais e internacionais.
"Esta assembleia contará ainda com reflexões
ligadas ao desenvolvimento sustentável onde serão debatidos temas sobre as
parcerias para a acção climática, promoção ao acesso à energia verde a preços
acessíveis e garantir a inovação, a segurança alimentar mundial assim como a
contribuição dos parlamentares para a conferência da ONU sobre as alterações
climáticas COP 28, que acontecerá no final deste ano", adiantou.
Para João Lourenço os temas centrais da
conferência assumem grande importância no apoio ao crescimento dos países em
desenvolvimento, pois precisam encontrar consensos quanto à necessidade de
preservação da paz e segurança internacional, desenvolvimento sustentável e
promoção dos direitos humanos.
Destacou ainda o ciclo de reuniões paralelas que irão
realizar-se sobre a igualdade do género e as reformas necessárias no Conselho
de Segurança das Nações Unidas e nas principais instituições financeiras internacionais.
Apelou para o fim do conflito no Sudão, na Ucrânia e no
Médio Oriente, sendo urgente que se calem as armas e se dê lugar à diplomacia,
para que se salvem as vidas dos civis, de crianças, mulheres e velhos e se
evite uma catástrofe humanitária nesses conflitos.
Conflito israelo-palestino
Sobre o conflito israelo-palestino, desejou que
os esforços diplomáticos sejam coroados de êxito para que o direito humanitário
seja respeitado, sejam poupados os hospitais, os campos de refugiados, as áreas
residenciais, não sejam negados às populações os mais elementares direitos do
cidadão mesmo em situação de guerra, como o acesso à água, aos alimentos e à
assistência médica.
De acordo com o presidente angolano, há toda a necessidade
de se rebuscarem as causas profundas do conflito que dura há mais de setenta e
cinco anos, com milhões de palestinos sem terra, sem pátria e sem a
possibilidade de regresso para a terra que sempre lhes pertenceu.
Por estas e outras razões, defendeu o direito
inalienável do povo palestino de viver no Estado da Palestina, lado a lado com
o Estado de Israel, respeitando cada um o princípio de coexistência pacífica,
de boa vizinhança, de amizade e cooperação.
"Só a criação efectiva do Estado da Palestina porá
fim definitivo a este ciclo de ódio e violência a que o mundo assiste impotente
ao longo de décadas e que já fez verter muito sangue de cidadãos palestinos e
israelitas", sublinhou.
Deixou a mensagem que os canhões não trarão a paz
definitiva ao Médio Oriente, apenas a diplomacia e sobretudo a vontade, a
capacidade do mundo, em particular dos membros permanentes do Conselho de
Segurança das Nações Unidas, em cumprir com as suas próprias resoluções, de criar
o Estado da Palestina.
Fundada em 1889, por iniciativa do inglês William
Randal Cremer e do francês Frédéric Passy, a UIP é uma das mais antigas
organizações políticas do mundo e atualmente conta com mais de 46 mil deputados
de 179 parlamentos nacionais, promovendo a paz e a democracia.
Trata-se de um centro de diálogo e de diplomacia
parlamentar entre legisladores que representam todos os sistemas políticos e
das principais ideologias políticas ao nível global, constituindo uma
plataforma única para a observação de opiniões e tendências políticas em todo o
mundo.
A UIP é o principal interlocutor parlamentar da ONU e
leva a voz dos parlamentos aos processos de tomada de decisão das Nações
Unidas, apresentando regularmente suas resoluções na Assembleia Geral,
realizando declarações, participando em debates e organizando reuniões
parlamentares sobre os temas principais da agenda da ONU.
Em reconhecimento a este importante papel, em 2002 as
Nações Unidas lhe outorgaram o "status" de observador permanente.